Igreja - Agente Transformador da Sociedade
Subsídio –
Lição nº 8 – 3º Tri 2011 - Jovens e Adultos – CPAD
Texto
Áureo: Mc. 2:17
Leitura
Bíblica: Mc. 2:13-17; At. 2:37-41
A proposição do tema implica grande responsabilidade
para a Igreja do Senhor Jesus Cristo. É claro que o aluno deve possuir a
compreensão adequada do que vem a ser “Igreja do Senhor Jesus Cristo”. Acredito
que nas lições anteriores isto ficou claro, porque, para uma legítima
identificação como “Igreja do Senhor Jesus Cristo”, é preciso “ser” Igreja do
Senhor Jesus Cristo e não apenas uma placa colocada na fachada de um prédio.
Muitos prédios podem ter em suas fachadas a placa de
identificação de uma “suposta” Igreja do Senhor Jesus Cristo e o comportamento
dos seus membros, especialmente de seus líderes, não condizerem com o porte de
legítimos representantes de Deus, gente com a capacidade dada por Deus de
transformar a sociedade.
Como exemplo, chama-nos a atenção o noticiário de uma
Igreja denominada ASSEMBLÉIA DE DEUS CASA DE ORAÇÃO BETEL, cujo pastor está
entre os “suspeitos” de terem se associado para desviar dinheiro do Ministério
do Turismo (escândalo de corrupção brasileira da vez), tendo sua prisão sido
relaxada com pagamento de fiança (cheque sem fundo) no valor de R$ 109.000,00
(cento e nove mil reais).
Sem entrar no mérito da questão, nem lançar qualquer
suspeição sobre os irmãos congregados ali, evidente a falta de prudência em questões
relacionadas com a sociedade. O pastor era dono de uma empresa de turismo, cujo
escritório funcionava no andar de cima da própria igreja, se envolvendo com
verbas públicas e políticos inescrupulosos. Não podia dar certo.
Por este pressuposto, a Igreja para ser Agente
Transformador da Sociedade deve trazer em sua essência características que a
diferencie da sociedade que ela quer transformar. Se isto não acontece, sua
ação se torna inócua, pois, como sal insípido, não presta para o fim que se
propõe. Ela não pode transformar a sociedade naquilo que ela mesma é.
A igreja aqui, então, é o “conjunto de fiéis de uma
religião”, que se tornam, pela observância dos mandamentos do Senhor, capazes
de modificar o conjunto dos comportamentos errados das pessoas unidas a nós
pela origem de nascimento ou pela localização, o que chamamos de nação.
I.
Para Que a
Transformação Seja Alcançada, a Essência do Agente Deve Ser Diferente
Só haverá êxito na transformação se a essência do
agente for “melhor” do que a essência daquilo que ele quer mudar. Não podemos
falar nem em ter a mesma essência, pois, qualquer tentativa de transformação
seria infrutífera. Infelizmente, muitas denominações e seus líderes não podem
transformar a sociedade secular, simplesmente porque se assemelham a ela na
forma de pensar e na maneira de agir no tecido social.
Imagine uma parede branca e você resolve pintá-la de
branca. Ora, se é “mudança” que se deseja, utilizar a mesma cor não irá alterar
absolutamente nada. Após o término de seu trabalho, perceberás que tudo
permanece com a mesma forma e essência. Sendo assim, para alterar a cor da
parede branca, você precisa, antes de qualquer coisa, trazer consigo uma tinta
de cor diferente.
Cristo em todo o seu ministério deixou claro a
necessidade de uma mudança primeiro no agente, para depois, este agente mudar a
coletividade. “Ou
como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu
olho, não atentando tu mesmo na trave que está no teu olho? Hipócrita, tira
primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro que está
no olho de teu irmão” Lucas 6:42. É como o
ditado popular: “Queres mudar o mundo? Muda primeiro a ti mesmo”.
Se temos a responsabilidade de
transformar a sociedade, não podemos conduzir o povo de Deus utilizando as
mesmas práticas odiosas da sociedade secular que queremos transformar. Práticas
como a busca pelo poder, o orgulho, a prepotência, a vaidade, a falta de
transparência e humildade, a insensibilidade a dor do outro, a arrogância, a
falta de educação, o ódio, a violência, a avareza, a subtração do alheio,
enfim, todas as mazelas que desejamos e podemos modificar na sociedade, através
da pregação da Palavra de Deus e da ação de um povo comprometido com o Deus da
Palavra.
Certamente esta é a razão do Brasil,
país conhecido como o que detêm um dos maiores contingentes de católicos e
evangélicos do mundo (mais de 80% de sua população se diz cristão), manter uma
profunda desigualdade social, uma quantidade enorme de gente vivendo abaixo ou
na linha da pobreza, uma degradação moral crescente (sem falar no espiritual),
e a maioria de sua população longe das oportunidades de viver melhor. Eis a
prova de que, apesar da grande quantidade de cristãos, não se consegue
transformar uma sociedade para melhor utilizando as mesmas ferramentas seculares
e sem abrir mão dos benefícios materiais que a própria sociedade secular
estabelece como valores indispensáveis.
“Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar?
Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens” Mateus 5:13.
Não deveríamos tentar
transformar a sociedade apartir dos mega-templos, mega-ternos e mega-carros, e
sim, a partir do desejo de sermos todos iguais.
II. Para Que a Transformação Seja Eficaz, a Visão
do Agente Deve Ser de Mundo Ideal
O que se busca quando falamos em
transformação é melhoria do ambiente. Porém, algumas questões saltam aos nossos
olhos, quais sejam: Quais as melhorias desejamos para nossa sociedade? Qual o mundo
ideal? E o que precisamos fazer para que esta melhoria aconteça? Sem uma
visão clara do que desejamos, é impossível chegar aonde queremos.
Quando Jesus autorizou Pedro caminhar sobre as águas,
enquanto o apóstolo colocava sua visão em Cristo, caminhou sobre as águas e,
apesar das turbulências, prosseguiu sem se intimidar. Porém, quando deixou de
olhar na direção certa e passou a olhar para as ondas e sentir os ventos,
passou a naufragar (Mt. 14).
Melhorar o mundo a partir de suas próprias técnicas e
premissas, é repetir o erro e colher os mesmos frutos da desigualdade, da
intolerância, da violência, do egoísmo e do hedonismo. Quando a árvore é má,
não adianta, os seus frutos serão todos ruins.
A igreja enquanto agente de transformação, só obterá
êxito se mirar em Cristo. Nenhum intelectual, nenhum político, nenhum ser
humano, por mais sincero que seja, pode indicar à igreja o melhor caminho a
seguir. Por uma razão bem simples. Cristo está acima das ondas modernas e dos
ventos que sopram de tempos em tempos. Cristo é singular, deixando sua marca
indelével para que todos os seres humanos tenham um exemplo a seguir. “Porque eu vos dei o
exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” João 13:15.
Eis a visão. A visão de Cristo. Transformar o homem a
partir das premissas de sermos todos Filhos de um mesmo Pai, desenvolvendo com
naturalidade uma relação com Ele; considerarmo-nos superiores uns aos outros,
para que nesta forma sejamos iguais, e amarmo-nos uns aos outros com amor
altruísta, manifestado através das obras de amor, de fé e de compaixão.
“Então Jesus, movido de
íntima compaixão, tocou-lhes nos olhos, e logo viram; e eles o seguiram” Mateus 20:34. No texto, o modelo. Jesus toca os
olhos dos seus, que passam a enxergar, seguindo a partir daí, seus conselhos
que é “poder de Deus para transformação de outras vidas”.
Antes de buscarmos conhecimentos e técnicas
nos bancos das faculdades, devemos buscar a visão divina na oração e no estudo
da Palavra de Deus.
III. Para Que a Transformação Seja Exitosa, os
Instrumentos do Agente Devem Ser Adequados
O que de melhor a técnica pode nos oferecer é o
entendimento das características adequadas de cada instrumento, a partir do
resultado que se deseja obter. Se quero transformar a sociedade não posso
utilizar os mesmos instrumentos que ela utiliza no mesmo intento de melhoria,
ou seja, se ela vem utilizando métodos meramente politiqueiros, e ainda assim
quero sua transformação, obviamente, não posso utilizar os mesmos instrumentos
politiqueiros para transformá-la, isto porquê, já se mostraram ineficazes.
Cristo separa homens e mulheres, formando sua igreja,
comissionando-os e concedendo-lhes instrumentos para cumprimento de sua missão.
O propósito do Senhor é atender o homem nas suas necessidades. Para isto
precisamos focar a integralidade – missão integral – do ser humano.
a) Corpo
A igreja
não pode restringir sua ação apenas aos processos de curas espirituais. Deve
atuar, também, oferecendo apoio médico e medicamentoso, pelo menos, aos seus
membros; Seja através da ação social de um dia, desenvolvida em determinada
localidade, seja no desenvolvimento de ações contínuas protagonizadas por cristãos
ou por instituições cristãs, marcando sua presença como representantes de Deus
entre nós (Reino de Deus);
A igreja
deve ser a primeira a observar o princípio cristão de, “todos terem pouco é melhor do que alguns terem muito” (At.
2:44,45). Este princípio é basilar para uma sociedade mais justa e fraterna.
A igreja
deve transformar a sociedade a partir do oferecimento de estabelecimentos de
ensinos que possibilitem pelo menos aos filhos dos cristãos, terem onde
construir conhecimentos e técnicas seculares num ambiente que respeita e
prioriza a visão e os princípios cristãos. Estes novos seres, formados nessa
base, serão instrumentos transformadores das mazelas que se tornaram “normais”
entre nosso povo.
b) Alma
A igreja
deve permear a sociedade com um padrão cristão de ser. Deve romper com as
fronteiras dos templos e voltar às estradas, às ruas, às praças, aos asilos,
aos hospitais, aos presídios, oferecendo aos transeuntes a oportunidade de
sararem suas feridas de alma no alento da Palavra de Deus;
Deve, a
igreja, oferecer músicas que se destacam pela qualidade de seus arranjos e,
acima de tudo, pela inspiração divina na satisfação dos anseios de nossas
almas. Músicas que se esmeram na devoção, e não, no oportunismo de um mercado
capitalista gospel;
A igreja,
através de seus representantes, deve se inserir na magistratura, na medicina,
na política, no poder constituído, adotando comportamentos que honrem a Deus e
primam pelo serviço em benefício do próximo. Desta forma, falarão às almas
aflitas e desejosas de gente decente neste país. Quando não atenderem as almas
aflitas através das obras, as atenderão através de comportamentos que inspirem
confiança e integridade.
c) Espírito
Atentando
para o discernimento espiritual que lhe concede a capacidade de enxergar e
distinguir um possesso de um doente mental, a Igreja deve ser instrumento de
Deus na sociedade para debelar as armadilhas do nosso adversário, libertando as
vidas oprimidas e presas pelo diabo.
Deve, a
Igreja, interromper a ridicularização do sagrado nas fraudes espirituais
protagonizadas por falsos profetas. As pressões vindas do terrorismo espiritual
que esconde o amor de Deus das vistas e dos corações das pessoas, lhes
apresentando o mal como um todo-poderoso. Insistindo na cobrança de ritos e tradições
inócuas, colocam apenas mais cargas nos ombros das almas cansadas e oprimidas
pelo peso do pecado, afastando-as de Deus e cegando-as para as verdades
importantes relativas a salvação.
O
comportamento que se espera, deve dar ênfase ao equilíbrio e maturidade espiritual
que concede às pessoas vidas livre de temores ou receios desnecessários, a
partir do oferecimento desta tão grande salvação que liberta o homem das trevas
e morte espiritual.
Conclusão.
Vale destacar, mesmo desejando que todos tenham
conhecimento da salvação em Cristo Jesus, a transformação social que queremos
é, também, o abandono de comportamentos egoístas e a adoção de comportamentos
que tragam, prioritariamente, o bem do outro, partindo da premissa bíblica: “O
que quereis que os homens vos façam, fazei vós a eles” (Lc. 6:31).
Como um agente sincero, detendo a visão divina e
munida de instrumentos eficazes, a Igreja cumprirá seu propósito de transformar
a sociedade, melhorando a vida dos conterrâneos, ao mesmo tempo em que lhes oferece
a Salvação em Cristo. Conseqüentemente, a sociedade desfrutará do intento do
Senhor para todos nós, felicidade. Esta é a nossa porção sobre a Terra (Pv.
30:8).
Comentários
Por vezes, sou tentado a desistir e esquecer tudo isto. Que os homens façam o que quiserem, e eu deixarei a minha vida me levar. Mas, penso naquela pessoa que de boa-fé creu em Deus, em seu Filho Jesus Cristo, e busca apoio para suas dores e ânimo para sua esperança. Assim, com uma força que vem fora de mim, mantenho o esforço no cumprimento de minha missão até o dia em que descansarei em Deus.
Em Cristo, Sua Graça, Sua Paz.