QUANDO É HORA DE MUDAR DE IGREJA

Igreja, genuinamente falando, é aquele lugar onde se reúne um grupo de seguidores de Cristo com objetivo de adorar a Deus, receber ensinamentos, evangelizar e ajudar uns aos outros (At. 2:40-47). Foi com esta clara missão em mente que o apóstolo Paulo informa-nos que Deus colocou à nossa disposição os dons espirituais, a fim de edificarmos uns aos outros e estarmos aparelhados para proclamação do evangelho. Tiago esclarece outro ponto principal da igreja, dizendo que a verdadeira religião é cuidar das viúvas e dos órfãos nas suas necessidades. Por fim, as características da igreja primitiva que a tornou marcante, referência de igreja bíblica, foi que eles tinham tudo em comum e ninguém sentia falta de nada, eram solidários no partir do pão, desfrutavam da comunhão e comungavam da doutrina dos apóstolos, esta, por sua vez, Cristocêntrica.

No domingo passado fui à igreja com minha família e contei. Numa rua com, aproximadamente, quinhentos (500) metros de comprimento, cerca de treze (13) igrejas evangélicas. Saliento que esta constatação não é, por si, negativa, ao contrário, prefiro que sejam treze igrejas invés de treze bares ou boates. No entanto, levando em consideração a lei da oferta e da procura, percebo que temos à nossa disposição uma quantidade enorme de igrejas para escolher onde comungar a fé em Jesus. A concorrência está tão acirrada que não demora e surgirão promoções do tipo, “dízimo com desconto de 50%”, tudo isto a fim de arrebanhar mais fiéis. O problema, portanto, não é a quantidade, e sim, a qualidade e o propósito destas instituições.

Nós, os fiéis, precisamos ponderar. O que buscamos quando nos deslocamos para um lugar onde nos reuniremos com outras pessoas e passaremos duas horas ouvindo, cantando e orando? Qual o propósito daquele lugar onde, dizem, Deus está presente? Qual deve ser nosso sentimento quando entramos e quando saímos daquele ambiente? Posso mudar? Estas são algumas das inúmeras perguntas que são feitas por freqüentadores de igrejas e que nos cabe refletir.

A igreja deve existir pelos propósitos divinos e seus líderes devem refletir a mente de Deus. Devemos ter a consciência de que a igreja não é um fim em si mesma, mas um meio pelo qual devemos perceber o reino de Deus entre nós. Sendo assim, se a igreja que fazemos parte não atende aos propósitos divinos, se seus líderes se entronaram no lugar de Deus, e se o reino de Deus não é importante dentro dela, é hora de mudar.

No exercício de minha atividade ministerial e fora dele, já freqüentei inúmeras igrejas, e o que descubro, com raras exceções, é que várias igrejas se tornaram apenas clubes sociais, um local para arrecadar recursos financeiros e alisar egos. O que está sendo oferecido, hoje, é o evangelho de mercado, voltado apenas para o “cliente”, onde o foco é atender as necessidades humanas do homem e da mulher, do ponto de vista humano. Os princípios norteadores das reuniões e das organizações eclesiásticas que vislumbramos na Bíblia Sagrada, foram colocados de lado e adotados os princípios do deus mamom e do humanismo.

Igrejas que desfrutam das festas, independentemente dos pobres que passam fome dentro de suas fileiras e das catástrofes que assolam nosso país e o mundo. “Vamos orar pelos menos afortunados”, conclamam alguns líderes, mas, orar só é pouco. Se Jesus apenas orasse estaríamos na miséria espiritual até hoje. Líderes que defendem a prosperidade material como bênção divina resultante de votos financeiros realizados pelos fiéis, deveriam se envergonhar se confrontados com a “pobreza humana” de Cristo. Claro, os líderes da prosperidade insistem nisso porque lhes é favorável. Esta é a fórmula eficaz para continuarem desfilando com ternos e carros caros, morando em casas luxuosas. Ah! Se vissem os pés empoeirados de Cristo e ouvissem “Ele” dizendo: “não tenho onde reclinar a cabeça...”

Quando é hora de mudar de igreja? Quando ela deixar de exalar o bom perfume de Cristo. Quando é hora de mudar de igreja? Quando seus líderes só pensam naquilo... dinheiro, e o utilizam para tudo, menos para missões, evangelismo, ação social, música, ou seja, para prover os mantimentos na casa do tesouro. Quando é hora de mudar de igreja? Quando o rito deixou de priorizar Cristo para priorizar vaidades e futilidades. Quando é hora de mudar de igreja? Quando invés de nos aproximar de Deus ela nos aproxima do mundo. Quando é hora de mudar de igreja? Quando a voz do Espírito Santo, diante deste quadro dantesco espiritual, nos falar ao coração: “Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: A filha de babilônia é como uma eira, no tempo da debulha; ainda um pouco, e o tempo da sega lhe virá. Nabucodonosor, rei de babilônia, devorou-me, colocou-me de lado, fez de mim um vaso vazio, como chacal me tragou, encheu o seu ventre das minhas delicadezas; lançou-me fora. (...) Saí do meio dela, ó povo meu, e livrai cada um a sua alma do ardor da ira do Senhor” (Jr. 51:33,34,45).

O momento exige cuidado. Ninguém deve ficar sem participar de uma igreja genuinamente cristã, pois, se assim for, o mundo, mais cedo ou mais tarde, vai arrebentar com tua fé. Existem igrejas decentes com líderes decentes. Assim sendo, se fazes parte de uma delas, fique e firme-se nela como coluna da verdade e, no que depender de você, atraia outros para a cobertura de líderes vocacionados que bem representam Deus. No entanto, se você faz parte de uma, cujas características lembram mais um cassino, um partido político, uma clínica psiquiátrica com regressões e dominações, ou um manicômio, saia dela. Você tem a mente de Cristo. Seja crítico. Seja um bereano. Utilize a racionalidade, amparada nos princípios bíblicos, para avaliar se os espíritos são de Deus (Mt. 24:24; 2 Co. 11:13,14; 1 Jo. 4:1).

Quando a igreja deixa de ser a “noiva de Cristo”, ela se torna “namorada do diabo”. Tô fora! Pense nisso.

Comentários

Caro Eliel, foi-se o tempo em que a igreja (denominação) tinha forte influencia em nossa maneira de pensar e interpretar a vida, ainda que em algumas vezes de maneira equivocada. Mas ela representava nosso porto seguro, onde ancorávamos sem titubear. Por mais que soubéssemos de suas falhas, no geral, acreditávamos nela e vestíamos sua camisa. No entanto, os alvos mudaram de nome, os motivos passaram a ser sórdidos (com exceções, claro!). Além disso, o fiel passou a ser cliente, o culto se transformou em mera reunião, a congregação é quase um clube (em alguns casos já é), e os líderes espirituais, já não o são, são apenas (nem todos) gestores, não de vidas, mas de recursos. Por isso eis aí o êxodo denominacional. Que Deus nos acuda! Amei o post, grande abraço.
Cleovano Batista disse…
A paz do Sr. meu caro Eliel.
So acrescentando informacao a este sabio blog. Uma antiga conhecida nossa (capelinha) informou que nos EUA ha situacoes em que existe um salao para duas denominacoes, ou seja, a igreja A cultua a tarde e a igreja B cultua a noite.
ELIEL BARBOSA disse…
Meu caro Cleovano,

Obrigado pela informação que vem acrescentar conhecimento à mim e aos nossos leitores. No entanto, apenas para suscitar mais reflexão sobre esta questão, a mesma imagem que pode representar diversidade, opção, pode, também, expor uma cizânia, uma desarmonia. No caso trazido a baila, se as igrejas compartilham o mesmo salão, em horários diferentes, e for com intuito de facilitar o acesso das pessoas, minimizar o trabalho pastoral e diminuir custo, é louvável a compreensão e respeito entre ambos ministérios. Porém, se o povo é um, chamado para refletir sobre a Palavra de Deus que é única e não conseguem ser uma só igreja local, só encontramos justificativa na incapacidade de fusão ou unidade do "poder humano constituido". Com esta situação, estamos, de uma certa forma, dando a entender que não temos a "capacidade espiritual" de sermos um só povo, com uma só fé e um só pastor. Portanto, geográfica e estratégicamente é incoerente, porque cada ministério pode desenvolver seu trabalho em lugares distintos com resultados melhores do ponto de vista da salvação das pessoas e comunhão dos salvos.
Valeu.
Fique bem...
Fique com Deus.
titobarbosa disse…
Pr Tito Barbosa disse.. Quero agradeçer a Deus pela tua vida , por tudo que ele tem feito através de vc com o seu povo, trazendo sempre uma palavra de sabedoria e orienteção para que possamos optar sempre pelo melhor caminho , através do profeta Oseias ele disse : o meu povo esta sendo destruido por que lhes falta conheçimento. que Deus continue te abencoando mais e mais e dando forças para prosseguir neste ministério tão importante nos dias em que vivemos. se algum dia Deus me permitisse escolher algum membro da minha familia, com certeza pediria a ele para ter um irmão como vc. rsrsrsrsrs admiro muito teu trabalho, sou teu fã vc sabe disso. recomendações a familia, Fica na Paz.
ELIEL BARBOSA disse…
Meu caro Tito, elogio de irmão não vale. Há um certo "nepotismo" nisso.
A maior batalha que travo todos os dias não é contra o diabo, o mundo ou um outro semelhante, é contra mim mesmo. Desde que as verdades de Cristo me foram apresentadas, acreditei nelas e fui crescendo na compreensão dos valores ali embutidos. Desde então, vivo sendo tentado a desistir por causa das injustiças, da minha carne e da apostasia. Como antídoto, passei a considerar como "esterco" tudo que me fosse oferecido no "lugar" dos altos valores de Deus, e considerar como preciosa a graça e o amor inefável dEle por mim e pelos outros. Não é fácil, é dolorido, aparentemente (lembra de Elias?) solitário, mas, gratificante pela liberdade que experimento por conhecer a "Verdade que liberta".
Antes, convencido, agora, convertido; antes, um menino, agora, um homem; antes, um servo, agora, um filho; antes, um empregado, agora, um herdeiro; antes, um cego, agora, alguém que viu a "luz" e, fixando os olhos n'Ele, segue para onde Ele for.
Que Deus abençoe você, tua família e teu ministério.
Sérgio R. disse…
Eu infelizmente cheguei ao meu limite, não aguento mais tanta hipocrisia e interesse próprio em minha igreja, como você diz Cristo tem que ser o centro. O poder encheu a cabeça e cegou nossa liderança, não é mais o Senhor quem toma as decisões, por que quando ele é quem decide a paz reina não há divisão! Agradeço pela bela mensagem em seu blog, que Jesus continue lhe iluminando dando visão e sabedoria nos textos publicados!
Graça e Paz!!!
ELIEL BARBOSA disse…
Meu caro irmão Sérgio,

Graça e Paz.

Sei que é muito difícil suportar a ausência de Cristo percebidas em algumas igrejas locais. Recomendo a busca por uma igreja em que, como dito no texto, líderes comprometidos com Deus, evidenciam o Reino de Deus entre nós. Elas existem e, portanto, estão de braços abertos para lhe acolher. Não fique só.

Fique com Deus.
Hebertty Vieira disse…
Paz e graça,
O texto é interessante mais acho que o caminho sugerido, para uma saída da comunidade, é um tanto quanto covarde. Sair da igreja sem que faça seu papel de enfrentamento não será cristão. O posicionamento de sair para buscar outra igreja que lhe agrade me soa muito como pensamento de cliente. Cada cristão deve buscar o bem da sua comunidade, deve conversar, confrontar seus líderes, atuar como profeta que acusa os erros. Se por acaso você for mandado embora, paciência, aí sim você sairia sem ser covarde.
ELIEL BARBOSA disse…
Meu caro Hebertty,

Paz e Graça.

Jesus era judeu e o judaísmo era a religião de seus ancestrais e, de maneira direta, de sua família. Com doze anos discutia com os mestres sobre as escrituras e depois dos trinta passou a chamá-los de hipócritas, raça de víboras, deixando de andar com eles (Dê uma olhada no conselho de Paulo à Timóteo (2 Tm. 3:1-5) em especial nas duas últimas palavras do v.5).

Hoje, na maioria das igrejas no Brasil, não há espaço para a liderança do Espírito Santo. Os homens dominam tendo nas suas mãos o poder financeiro e o terror sobre os outros. São feudos familiares hermeticamente fechados que impossibilitam Deus de coordená-los. Agem como se a igreja sob sua responsabilidade fosse uma capitania hereditária.

Deus poderia abatê-los por se negarem humilharem-se, no entanto, Deus respeita suas escolhas e, mesmo aconselhando-os, não os obrigam a obedecê-Lo.

Achas mesmo que os proprietários de igrejas se deixam aconselhar por aqueles que desejam sinceramente e, HUMILDEMENTE, servir e seguir a Deus e ajudá-los?

Infelizmente é deste tipo de igreja que meu texto trata. Por esta razão o título: "Quando é hora de mudar de igreja". Deixo claro que este momento é quando a igreja deixa de ser a noiva do cordeiro e passa a ser a namorada do diabo (Deus o livre!!!)

Graças a Deus reconheço a existência de igrejas, com líderes divinamente chamados, que possibilitam o crescimento do corpo de Cristo pela cooperação de seus membros, e delas, digo, não saiam.

Portanto, não se trata de coragem versus covardia, e sim, de remir o tempo porque os dias são maus. Quem está em pé, cuide para que não caia!

Meu texto é uma tentativa de ajudar quem está sofrendo debaixo da "servidão do Egito moderno" travestido de "Canaã celestial".

Fique com Deus.

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