Porteiro, Auxiliar, Diácono, Presbítero, Evangelista, Pastor. E Mais. Missionária, Bispo, Apóstolo. O Que é Tudo Isso?

De repente, somos sobressaltados com a notícia: "Mais algumas dezenas, e até centenas, de novos obreiros para servir no Reino de Deus". A notícia seria boa, se guardasse a essência dos requisitos bíblicos exigidos para novos obreiros e preservassem o propósito divino na separação de novos chamados.

Para que precisamos de porteiros? Óbvio. Para guardar as portas. Porteiro era considerado Levita, desenvolvia, também, a tarefa de arrecadador de ofertas (2 Cr. 31:14) e vigia (Mc. 13:34); Jesus menciona o porteiro como responsável pela guarda da porta do aprisco das ovelhas (Jo. 10:3; ver também Ed. 7:24). É improdutivo, uma igreja de porta única, com uma quantidade exagerada de porteiros para servir.

Para que precisamos de auxiliares? Há pessoas mencionadas na Bíblia como "cooperadores", no entanto, sem evidência de se referir a um cargo. Eram pessoas que haviam prestado algum tipo de auxílio à alguém, em algum momento específico (Fp. 2:25; At. 20:35). Pode ser até o mesmo que levitas (Ed. 7:24). De todo modo, são pessoas escolhidas para servir no templo (AT), confundindo-se com a função do diácono (NT)), porém, com atuação limitada. Numa melhor ordem, são ajudantes dos diáconos nas atividades seculares da igreja.

Para que precisamos de diáconos? Na igreja primitiva, eram responsáveis pelo socorro aos necessitados (viúvas, órfãos e estrangeiros), pelo servir as mesas e manter a boa ordem na casa de Deus (At. 6:1-6). Eles existem para atender a demanda social da igreja e as necessidade inerentes a vida terrena. Quando há gente desassistida ou abandonada na igreja e os diáconos existentes não conseguem atender a demanda, reconhecemos novos diáconos para suprir a necessidade.

Para que precisamos de presbíteros? Presbítero era o líder da igreja. Os presbíteros se dedicavam à direção das igrejas (Tt. 1:5) e ao ensino da doutrina cristã (2 Tm. 2:2). A palavra grega presbyteros quer dizer "ancião", mas era usada para os líderes cristãos sem referência à sua idade. Nos tempos do NT os presbíteros também eram chamados de "bispos" (At 20.17,28; 1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9). O mais adequado é assemelhá-lo a mestre ou doutores. Pessoas aptas a ensinar as doutrinas e verdades bíblicas (1 Tm. 3:2; 1 Co. 12:28,29). Quando a eficácia da liderança e do ensino está prejudicada pela grande quantidade de pessoas a serem instruídas, designa-se novas pessoas para a função.

Para que precisamos de pastor? Há, pelo menos, duas definições clássicas na Bíblia sobre essa função. 1) Guardador de gado e ovelhas - Gn 13.7; 29:9 - Era, literalmente, alguém responsável pela guarda de animais, e, 2) Cuidador espiritual de gente, também conhecido como Ministro de Deus - Jr 3.15; Hb 13.17; 1Pe 5.2 - Alguém designado por Deus para edificar, cuidar e proteger seu povo. Jesus esclarece, em Jo. 10, que o alvo do pastor é o zelo pelas ovelhas, buscando-as, cuidando de suas feridas, ajudando-as na condução da cruz existencial e abrigando-as num ambiente cristão. Semelhantemente ao dito acima sobre presbíteros, quando o cuidado com os irmãos é prejudicado pela escassez de pessoas consagradas para este labor, consagra-se novos obreiros para a tarefa pastoral.

Para que precisamos de evangelistas? O evangelista é o semeador da Palavra. Sua tarefa é, exclusivamente, disseminar o evangelho de Cristo, com propósito de conceder às pessoas a oportunidade de ouvir a boa mensagem de salvação em Cristo Jesus (Rm. 10: 14,15; Mt. 13:1-9). A quantidade de evangelistas de uma igreja é proporcional ao seu envolvimento com sua missão principal.

Durante muitos anos, os evangélicos se mantinham enquadrados apenas nas funções acima relacionadas. Com o passar dos anos foram surgindo outras designações que, a priori, já se encontram enquadradas nas relacionadas acima. Citamos:

Missionária / Missionário - É o evangelista atuando. Algumas pessoas tinham este título agregado a si, porém, no caso específico de homens, eles já possuíam uma função originária. É o caso de um pastor que, enviado para o campo missionário, agregava o título de "missionário". No caso das mulheres, era reconhecida em razão de, no campo missionário, realizando uma missão evangelizadora, naturalmente, lhe cabia o título de "missionária". Vale destacar que o título de "missionário" só legitima aquele (a) que o possui, enquanto cumprindo sua tarefa no lugar para o qual fora designado. Logo, o missionário que retorna em definitivo de sua missão, deixa de se valer da designação. Aqueles que o mantêm, o fazem ilegitimamente.

Apóstolo - É Jesus, em Lucas 6:13, que atribui aos seus doze discípulos o título de apóstolos. Era atribuído, no início da igreja cristã, apenas àqueles que tiveram contato pessoal com o Senhor Jesus. Depois, os onze apóstolos  entenderam que deveriam preservar a quantidade escolhida por Cristo (Doze). Para isto, realizaram a escolha do substituto de Judas (que traiu Jesus), sendo escolhido Matias (At. 1:26). Além deles, Paulo é reconhecido como membro do colégio apostólico, mesmo tendo se auto-intitulado (2 Tm. 1:11). A razão do reconhecimento foram o testemunho de sua chamada pelo Cristo ressurreto (At. 9), as virtudes espirituais vistas em seu ministério (At. 15:12) e os argumentos que ele mesmo apresenta na defesa deste reconhecimento (2 Co. 11:23-31). O significado da palavra grega apóstolos é "enviado". Por esta razão, apóstolo é o mesmo que evangelista. Poder-se-ia alegar diferença no fato do apóstolo implantar igrejas e cuidar das bases para sua sustentação doutrinária. No entanto, estas atividades também são desenvolvidas pelos evangelistas, enquanto cumprindo sua missão (At. 8:26-40).

Bispo - Do grego episkopos, siginifca "vigilante". Os presbíteros da igreja em Éfeso foram constituídos "bispos" pelo Espírito Santo (At. 20:28). Na essência trata-se mais de uma ação, "vigiar", do que de um título eclesiástico (1 Pe. 2:25). No entanto, pelo fato de ser uma recomendação direcionada à líderes que tem a responsabilidade de cuidar do rebanho de Deus, normalmente, como função, se assemelha as atividades dos presbíteros.

Quando há um vazio de obreiros para atendimento as demandas da igreja, o Senhor Jesus ensina-nos a fórmula para obtermos recursos suficientes. "E dizia-lhes (Jesus): A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Portanto, peçam ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para a sua seara" (Lc. 10:2). Nosso dever é apresentar à Deus nossas necessidades (1 Pe. 5:7), e o Senhor, de um modo maravilhosamente capaz (Jr. 1:5-12), fornecerá aqueles que exercerão as atividades no seu Reino.

Qual é nosso problema atual no que diz repeito a títulos eclesiásticos? Vaidade, orgulho e arrogância. "Cristo, sendo Deus, se humilhou tornando-se homem (Fp. 2:5-8). Nós, sendo homens, queremos nos exaltar tornando-nos deuses". Na origem, os cristãos davam valor as atividades a serem desenvolvidas pela pessoa consagrada, hoje concedem mais valor aos títulos, mesmo que a pessoa não possua a mínima condição moral e espiritual para ostentá-lo.

Na guerra das vaidades, o líder quer um título que ninguém tenha. "Ah! como pode eu, presidente de todos, ter o mesmo título (e salário - op's! escapou) que meu subalterno?". A confusão começa no estabelecimento dos dons ministeriais como uma pirâmide, ou escada, de progresso espiritual, quando, na verdade, se tratam de diferentes dons ministeriais, de igual importância,  que o Espírito Santo concede à igreja para sua própria edificação.

Diferente do que estabelece a Bíblia (Mt. 18; 23; Lc. 18), a busca por cargos ou títulos eclesiásticos foge completamente da essência do cristianismo e seu Cristo. Quem é chamado por Deus para exercer o trabalho de diácono, talvez, morrerá diácono, apenas pelo fato de ter sido este seu único chamado. A mesma regra se aplica as demais funções, repito, "funções". "A excelência está na obra e não no episcopado" (1 Tm 3:1).

O exemplo que devemos copiar é o de João Batista. Mesmo sendo precursor do Salvador, homem destemido em sua missão e temido em seu ministério, não titubeou quanto a sua postura em relação a vaidade e o orgulho. Inquirido por seus discípulos, asseverou: "É necessário que Ele cresça e que eu diminua" (Jo. 3:30).

Consulta:

Biblia Sagrada
Dicionário Teológico - Claudionor Correa de Andrade - CPAD
Pequena Enciclopédia Bíblica - O. S. Boyer - VIDA

Comentários

Glória A Deus esse testo me esclareceu muita coisa que Deus o ABENÇÕE IRMÃO.
ELIEL BARBOSA disse…
Fico feliz em ter te ajudado um pouco.

fique com Deus.
Anônimo disse…
amem
Matheus R Ribeiro disse…
Esclarecedor.
Anônimo disse…
muito obg irmão pela ajuda.
AKADMAN53 disse…
Porteiro e bênção
Anônimo disse…
sou auxiliar e adorei o ensinamento, que Deus continue te abençoando.
Anônimo disse…
muito bom, obrigado.

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