A Vontade de Crer

 
Até para dar o primeiro passo o intelecto sozinho não é suficiente. A vontade também tem um papel a desempenhar, pois ninguém irá crer a menos que esteja disposto a crer. A vontade é requerida para abrir a mente, bem como para fechá-la. Você não precisa estar predisposto a crer no cristianismo, mas precisa estar predisposto a encontrar a verdade objetiva, onde quer que ela se encontre. Você precisa fazer uma escolha deliberada de amar, buscar, encontrar e conhecer a verdade onde ela estiver.

Isso é muito mais difícil e raro do que você imagina. Requer humildade e renúncia ao orgulho intelectual que tenta a nós todos. O orgulho intelectual implica conceber uma idéia, sentir orgulho pessoal por ela, ser favorável a ela só porque é parte da minha “mobília” mental, tendo preconceito contra idéias oponentes, porque estas não são as “minhas”.

Nós todos pensamos que somos tão corretos, tão sábios, tão confiáveis ao julgarmos. Isso é preconceito! Assim como temos de renunciar ao preconceito como obstáculo à verdade na ciência, devemos renunciar a ele pela mesma razão na religião.

Encontrar a verdade é como ver a luz, mas, ao mesmo tempo, permitir que ela mostre a verdade. É como ver a luz no sentido de que a pessoa deve abrir deliberadamente seus olhos, renunciando ao seu estado anterior (de ignorância). Uma vez feito isso, a própria luz faz o seu trabalho (de revelar o que estava invisível). A pessoa não precisa fazer a luz, apenas recebê-la. Mas deve desejar recebê-la, primeiro. O que o olho é para a luz, a mente é para a verdade.

Mas encontrar a verdade é muito diferente de ver a luz, porque não se pode deixar de ver a luz, embora muitos possam deixar de ver a verdade. Deus não faz resplandecer a verdade sobre Si de modo tão inconfundível como faz com a luz do sol. A pessoa tem que buscar Deus a fim de encontrá-Lo (Jr. 29:13; Mt. 7:7)Mas não tem que procurar a luz do sol para encontrá-la.

Por que Deus faz isto? Por que não nos dá “a luz intensa do sol do meio-dia” em relação a quem Ele é? Por que, em vez disso, Deus nos dá pistas para seguir, dados para interpretar, estrada cheia de curvas para percorrer?

Porque Deus respeita a nossa liberdade. Ele não forçará a nossa mente como a luz força os olhos a enxergarem. Se, e apenas se quisermos, nós o encontraremos. Se, e apenas se amarmos a verdade de todo o coração, com toda alma e mente, encontraremos a verdade sobre Deus. Existe luz suficiente para aqueles que o amam e o buscam, mas não é suficiente para obrigar os que não o buscam a encontrá-lo contra a sua vontade. Então, Deus arranjou para que o coração, a vontade, o amor – e não o intelecto – decidam, em última instância, o nosso destino.

A linha divisória entre aqueles que conhecem Deus e os que não o conhecem não é uma linha entre os inteligentes e os simples, entre os brilhantes e os atrasados. É como deve ser, pois a inteligência, a liberdade e a responsabilidade não dependem totalmente de nós, de nosso esforço. Em grande parte, trata-se de dons com os quais nascemos. Mas a escolha de buscar a verdade é nossa. E todos os que buscam a verdade objetiva, encontram-na em Deus.

(Extraído do “Manual de Defesa da Fé” – Peter Kreeft e Ronald k. Tacelli)

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