Terceirização Pastoral
(O Que Aconteceu Com a Assembléia de Deus na Bahia - Parte VI)
No entanto, aqui surge um problema que poucos enxergam. Com o crescimento numérico da igreja, as atividades que outrora eram conduzidas pelo pastor passaram a ser “terceirizadas”, ou seja, outros obreiros passaram a exercer papel principal quando deveriam apenas auxiliar no desenvolvimento das atividades. Assim sendo, o pastor, principal responsável, simplesmente se afastou. Vale dizer que este afastamento, muitas das vezes, não foi intencional, e sim, em razão do enorme tamanho da organização.
Como a Assembléia de Deus cresceu quantitativamente muito, houve uma sobrecarga de reuniões e atividades administrativas sobre os ombros pastorais, não lhe restando tempo para sua atividade principal: cuidar de ovelha. Por favor, não confundamos cuidar de uma organização (igreja local) com o cuidar de ovelhas (pessoas). Neste aspecto, porque não seguir o exemplo da igreja primitiva escolhendo homens cheios do Espírito Santo para as tarefas seculares (diáconos), e os apóstolos vão cuidar da oração e da Palavra? Com certeza a resposta a esta questão passa por confiança, ética, moral e integridade. Que tristeza.
A conclusão que chego é que, onde podem e devem terceirizar, não terceirizam, e onde não podem terceirizar, terceirizam. Eis aí o que o clero valoriza. Pessoas valem menos que dinheiro, patrimônio, segurança financeira, assistência médica, posição e poder. Isto é inversão de valores. Resultado: o negócio não funciona bem.
Com a “terceirização”, foi formada nos olhos e na mente do pastor, a idéia de que as ovelhas estão sendo cuidadas e, no limite dos esforços dos auxiliares, estão, mas não o suficiente para as ovelhas se sentirem bem acolhidas e bem nutridas. O que não percebem é que ovelha gosta mesmo é da companhia do seu pastor. Com todo respeito aos líderes de departamentos que assumiram estas atribuições (me incluo aí), o que tenho percebido é que ovelha só confia mesmo é no seu pastor.
Estes líderes podem, colaboram e devem continuar ajudando, porém, atuando como Hur e Arão, que “apoiavam os braços de Moisés até que a vitória estivesse completa” (Ex. 17:12). Saliente-se que este episódio bíblico trata de guerra contra inimigos e não do cuidado de ovelha dentro do aprisco. No entanto, destacamos que a atuação de Josué, Hur e Arão foram importantes na guerra contra os Amalequitas, todavia, Moisés, o líder, estava diretamente envolvido com a batalha. Isto posto, tanto nas guerras contra inimigos da obra, quanto no zelo com o rebanho do Senhor, a responsabilidade do líder é intransferível.
Em se tratando de conduzir ovelhas, repito, elas querem ir ao campo, mas só se sentirão seguras se “ouvirem”, e desta forma, perceberem, seu pastor à frente. O que vemos hoje é que a organização ficou tão grande que é impossível um único homem acompanhar, quanto mais coordenar, organizar e fazer acontecer atividades-fins da obra e de sua exclusiva responsabilidade. No que se refere ao aprisco assembleiano, é, no mínimo, um incômodo, chegar ao ponto que chegamos: “há ovelha que não conhece seu pastor”.
Comentários
Estou lutando desesperadamente por mudanças. Em nossas conversas, eu minha amada esposa, reforçamos nossa disposição de ajudar. Se "alguém" quiser mudar a trajetória, estamos prontos a nos colocar ao seu lado e agir. Só não nos peçam para apoiar a mesmice que ama a injustiça, nos afasta de Deus e despreza os necessitados espirituais e sociais do nosso povo. Não sei se nossa geração conseguirá alcançar o tempo de uma Assembléia de Deus na Bahia sarada. Mesmo assim, continuarei lutando usando a única arma que temos: a boa Palavra de Deus. E quem tiver ouvidos que ouça.
Fique com Deus. Um gde abraço em Núbia e nos filhos.