Álcool Compromete o Cérebro Mesmo Sem Causar Embriaguez
Pessoas que bebem com mais frequência têm menor auto percepção de como o
álcool afeta sua capacidade cognitiva, o que as coloca em um risco maior de
danos.
Pessoas que bebem com frequência tendem a não sentir os efeitos
do álcool, mesmo depois de algumas doses. No entanto, ainda é preciso ter
cuidado. De acordo com estudo liderado pelo Sistema de Saúde para Veteranos do
Exército de San Diego, nos Estados Unidos, embora não percebam, essas
pessoas também enfrentam problemas cognitivos como redução da
velocidade das habilidades motoras, memória de curto prazo e processamento
complexo, o que pode ser grave.
Os maiores consumidores de álcool também demonstraram
menor auto percepção de danos do que aqueles que costumam beber
menos, o que pode resultar em comportamentos ainda mais arriscados
quando bêbados. “Em geral, existe uma crença de que quem está acostumado a
beber muito pode lidar com o álcool e que muitas tarefas diárias comuns
não são afetadas pelo consumo”, disse Ty Brumback, autor do estudo e
especialista em tratamento de vício, ao Daily Mail.
Um
total de 105 pessoas foram testadas em suas habilidades cognitivas e de
coordenação motora duas vezes em um intervalo de cinco anos. Um ‘bebedor
experiente‘ foi definido como alguém que bebia em torno de 10 a 40 doses
de bebida alcoólica por semana – pelo menos nos últimos dois
anos anteriores ao teste. Os ‘bebedores leves’ eram aqueles que consumiam
menos de seis doses por semana. Uma dose de álcool corresponde
a uma taça de vinho ou uma dose de vodca ou uma lata de cerveja. Os
participantes mantiveram esses hábitos ao longo dos cinco anos.
Os participantes tiveram sua cognição analisada em uma sequência de
testes que avaliou as diversas habilidades. Antes do experimento, porém, os
participantes consumiram uma dose de bebida para chegarem a uma
determinada concentração de álcool na respiração.
Um teste chamado Grooved Pegboard, que consiste em inserir pinos em
uma placa giratória em movimento, analisou sua destreza motora.
Possíveis disfunções cognitivas e o processamento cerebral foram
avaliados em um Teste de Substituição de Símbolos e Dígitos (DSST, na
sigla em inglês), no qual os pesquisadores mostravam aos participantes
símbolos que representavam números. Estes tinham 90 segundos para completar os
símbolos nos locais correspondentes.
Embora os “bebedores experientes” tenham apresentado menos erros no
teste dos pinos, seu desempenho no Teste de Substituição foi semelhante ao dos
que bebem casualmente. Porém, o detalhe mais perigoso é que os
experientes apresentaram menores níveis de auto percepção. Isso
significa que eles podem realizar algumas atividades que mostram um nível
de embriaguez menor do que o real.
“Quando ele chega ao carro, destranca a porta e coloca o carro em marcha,
ele pode não perceber deficiência nessas tarefas simples. No entanto,
ao começar a dirigir, as demandas cognitivas e psicomotoras aumentam
significativamente [e provavelmente ele não está apto para elas], mas a decisão
de dirigir já foi feita com base nas tarefas simples anteriores”, explicou Brumback.
Fonte: http://veja.abril.com.br/saude
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