Líderes Com Mãos Atadas e Sem Voz
(O Que Aconteceu Com a Assembléia de Deus na Bahia - Parte IV)
Sei que há muitos irmãos e irmãs que sentem o que sinto e, portanto, sofrem ao ver que muito dos frutos do trabalho de quem veio antes de nós se perdeu. Muitos deles, ainda hoje, se esforçam atuando na liderança de departamentos, exercem suas atividades sem segundas, terceiras ou quartas intenções. Pessoas que acreditam piamente no poder libertador do evangelho e insistem em semear, mesmo sabendo que quando chegar no “celeiro”, esses frutos não serão bem cuidados.
Apesar das recompensas espirituais que recebem do Senhor, estes líderes sofrem carga dupla. Tem a responsabilidade de zelar pelas vidas sob seus cuidados e, ao mesmo tempo, dar resposta a cobrança por resultados de sua atuação. Sou testemunha, haja vista que, esses homens e mulheres me comunicam dificuldades que enfrentam, tanto em relação aos liderados (desânimo crônico), como em relação aos seus superiores eclesiásticos (indiferença e falta de apoio estrutural). Noto neles o desespero de quem quer continuar prestando serviços à Deus, mas, se depara com dificuldades maiores que a sua fé, sem encontrar qualquer um que o ajude a levar a carga.
Eles temem falar, pois isto pode representar, para o líder da igreja e para outros, que ele não tem chamada, nem vontade, nem força que o capacite à função. Quando algum líder resolve, corajosamente e sem desrespeitar seus superiores, manifestar suas dificuldades e angústias, o pastor da igreja faz a coisa mais fácil, o substitui. Desta forma, colocam a culpa pelos insucessos nas costas do “pobre coitado” e, acreditam, solucionam a equação. Ledo engano. Primeiro porque achar bons líderes, hoje, é difícil; segundo, porque não resolve o problema. O novo líder vai enfrentar as mesmas dificuldades e viver as mesmas aflições, resultado: os jovens que insistirem em permanecer na Assembléia, continuarão na mesma letargia.
Os líderes de departamentos “gritam em silêncio”, e suas dores eu posso sentir. O que desejam é que a liderança da igreja os ajude a cumprir sua missão assumindo a parte que lhes cabe. Nada mais, nada menos. Fico me perguntando o que precisa ser feito para mudar este quadro.
Tento ajudá-los ministrando a Palavra de Deus de forma que suas vidas sejam edificadas, sem agredi-los como pessoa, sem incitá-los a rebeldia ou insubordinação, e respeitando os propósitos de Deus para estes grupos tão especiais. Não é fácil, mas me esforço neste sentido, pois sei que “nada está tão ruim que não possa piorar”, e, sinceramente, não desejo que piore, pelo contrário.
A priori, fomento em minha mente e coração, o que poderia, pelo menos, ajudar na solução. Quando uma pessoa é atacada pelo vírus que provoca uma simples gripe ou um simples resfriado, a prescrição é sempre tratar os sintomas com remédios de baixa complexidade e de baixo custo, além de repousar. Porém, quando uma pessoa é atacada por um câncer, o tratamento é agressivo, urgente e intensivo, demandando remédios de alta complexidade e de custo elevado. Sendo assim, dentro do assunto que trato aqui, qual a solução para nosso problema?
(Continua...)
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