A Organização Mundial da Saúde (OMS / ONU) Informa: A Maconha Faz Mal a Saúde.
Leiam parte do texto transcrito da Revista Superinteressante, sobre relatório emitido pela OMS, após realização de um estudo com os maiores especialistas sobre o assunto no mundo. É uma reportagem de Flávio Dieguez (http://super.abril.com.br/saude/tras-cortina-fumaca-437467.shtml).
Por trás da cortina de fumaça
A Organização Mundial da Saúde publica o mais
completo relatório sobre os efeitos da maconha. E afasta a onda de
desinformação que cerca a droga ilegal mais consumida do mundo.
Era para ser o triunfo da pesquisa médica em seu
esforço de separar, cientificamente, o que é mito e o que é fato sobre os
efeitos da Cannabis, conhecida como maconha. Mas o relatório sobre a droga
publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), das Nações Unidas, teve outra
recepção. A entidade começou a trabalhar em 1993. Convocou os maiores
especialistas do mundo e incumbiu-os de, nos cinco anos seguintes, examinar o
resultado de centenas de pesquisas. Finalmente, em dezembro do ano passado, as
conclusões dessa equipe foram reunidas num documento de 49 páginas, publicado
sob o título Cannabis: uma Perspectiva de Saúde e Agenda de Pesquisa. Surgia o
mais completo relatório produzido sobre a maconha nos últimos quinze anos.
Entretanto, o que era para ser uma festa virou
guerra política. O trabalho da OMS mal
foi lido. Até o início do mês de março, pouco mais de 500 cidadãos, nos
cinco continentes, tinham tido acesso a ele. Quase não houve repercussão. O motivo é que seu conteúdo foi encoberto
pela campanha dos que pregam a legalização da droga. Ela fez sombra sobre o
texto da OMS e favoreceu a onda de desinformação. A confusão chegou ao ápice
quando a revista semanal inglesa New Scientist, na sua edição de 21 de
fevereiro, pôs em sua capa uma reportagem explosiva em que acusava a OMS de ter
suprimido do documento, por motivos políticos, um capítulo mostrando que a
maconha seria menos perniciosa do que o álcool e o tabaco. A OMS admitiu a
supressão do capítulo, mas negou os motivos. Declarou que o texto comparando as
três drogas fora excluído por prudência, pois os estudos nos quais ele se
apoiava não eram conclusivos. De fato, isso só levaria a mais confusão. Tanto é
que a confusão, com capítulo ou sem capítulo, alastrou-se, desviando, ainda
mais, a atenção do público daquilo que, afinal, era o mais importante – o
próprio relatório da OMS.
Quem foi
apanhado de surpresa pela guerra de versões pode ter ficado desorientado. E
pode até estar pensando que a maconha nem é tão perigosa. Mas ela faz mal, sim,
e cria riscos sérios para a saúde. Quem tem dúvida, é só consultar o relatório.
“Ele confirma diversas conseqüências nocivas comumente apontadas em relação à
maconha”, resume a psicobióloga brasileira Maristela Monteiro, da OMS, uma das
responsáveis pela versão final do texto. “E além disso aponta novos perigos.”
Os resultados apresentados pela OMS ajudam, e
muito, a reverter a maré de dúvidas e de mistificações em torno da droga. Para
começar, admite que ela possa ter aplicações medicinais. Mas aponta, com
precisão científica, os males que o uso indiscriminado dessa substância pode
causar. Não são poucos. E não são suaves. É bom você se informar a respeito e
escapar da cortina de fumaça – que ainda esconde muitos riscos.
Relação dos Danos Que a Maconha Causa Num Usuário:
Cérebro aberto à
investigação - O efeito sobre as funções nobres do cérebro, embora
não seja tão pesado quanto se pinta, pode prejudicar o comportamento dos
usuários. O risco da dependência é pequeno, mas não é nada desprezível.
A capacidade de aprender e de raciocinar e a
memória diminuem - Há somente três anos, parecia não haver sinais de
que a droga pudesse afetar as atividades cerebrais mais refinadas, aquelas que
os especialistas chamam de funções cognitivas, as ligadas ao processo de
conhecimento. Uma das novidades dos relatório é que agora há provas disso. Quem
fuma regularmente por muitos anos tem dificuldade para organizar grandes
quantidades de informações complicadas. Num tipo de teste, um cidadão empilha
cartas segundo regras que o paciente precisa deduzir, apenas observando o
“jogo”. Com o tempo, as regras vão sendo mudadas. Quem não fuma, deixa de
perceber cinco de cada 100 mudanças de regra. Fumantes pesados cometem o mesmo
erro oito vezes. “A diferença é sutil”, afirma o relatório. “Mas é ratificada
por novos estudos, realizados em 1995 e 1996.”
Quem fuma muito tempo pode acabar caindo na
dependência - Grande parte dos usuários pesados, desses que fumam
diariamente durante meses, acaba se viciando. As estatísticas indicam que até
metade dos fumantes desse tipo perdem o controle sobre o hábito e precisam de
tratamento para se recuperar. Entre os que não conseguem a cura, muitos
apresentam sintomas que agravam a dependência. Ficam desmotivados para qualquer
coisa, tornam-se menos produtivos em suas atividades, sofrem de depressão e têm
a auto-estima abalada.
Quem usa maconha pode partir para drogas mais
pesadas - Meninos e meninas, especialmente nos últimos anos,
têm, sim, seguido essa trilha. “Nota-se que a experiência com a canabis precede
o interesse por outras substâncias”, diz o documento. São as colas de
sapateiro, as anfetaminas, a cocaína e a heroína. Os especialistas também escrevem
que, “quanto mais cedo se começa a fumar, maior é o envolvimento com a
maconha”. E concluem que, entre os jovens nessa situação, é maior a
possibilidade de contato com coisas mais perigosas.
A maconha provoca desastres de trânsito - Essa é uma
nova preocupação dos especialistas. Sob ação da droga, fica mais difícil
executar desde tarefas simples, como datilografar, até as de maior
responsabilidade, como dirigir um automóvel. Em simulações, motoristas que
fumaram 1 hora antes do teste brecam em hora errada e demoram para reagir aos
sinais de trânsito.
A fumaça traz danos ao pulmão e está associada ao
aparecimento da bronquite - O efeito sobre o
aparelho respiratório, em conseqüência de doses elevadas da erva tóxica, está
solidamente comprovado. Aparecem lesões na traquéia, nos brônquios e, em menor
intensidade, em algumas células de defesa do organismo chamadas macrófagos
alveolares. Os usuários, então, ficam um pouco mais vulneráveis do que o resto
da população. Especialmente à bronquite obstrutiva crônica.
A produção de hormônios sexuais femininos pode
ficar reduzida, alterando o ciclo menstrual - Existem
indícios de que a droga deixa o organismo com falta de diversas substâncias
essenciais à reprodução, entre as quais os hormônios. A carência ocorre durante
uma das etapas da menstruação, a chamada fase luteal, e a ovulação demora mais
do que demoraria normalmente. Esse efeito ainda não está bem esclarecido nas
mulheres porque em alguns exames ele aparece e em outros, não. Mas os
especialistas reunidos pela OMS estão convencidos de que ele existe, pois, nos
testes com ratos e macacos, a queda de produção pôde ser medida com precisão. A
conclusão do pesquisadores é que a ação da maconha sobre o aparelho reprodutor
feminino não deve ser menosprezada.
Fumar durante a gravidez prejudica a criança - É uma das
novidades mais assustadoras apontadas pelo relatório. “Usar a droga antes ou
durante a gestação pode deixar as crianças mais suscetíveis a certos tipos
raros de câncer.” Entre os tumores observados está o da chamada leucemia
não-linfoblástica, que contamina o sangue, e o do rabdomiosarcoma, que ataca os
tecidos nervosos. Mas ainda não há certeza de que a canabis esteja mesmo
associada a esses males porque, se existe alguma outra causa, as pesquisas já
feitas não conseguiram detectar. O relatório da OMS declara que é preciso
investigar a hipótese mais a fundo. Um outro problema são as crianças que
nascem pesando abaixo do normal devido ao contato prévio da mãe com a erva
tóxica. Sobre esse ponto quase não restam dúvidas.
As crises de esquizofrenia podem ficar mais fortes
nos pacientes que fumam - Como alguns pacientes de esquizofrenia entram em
crise pouco tempo depois de fumar, levantou-se a hipótese que a droga poderia
estar associada à doença. As pesquisas revelam que a ligação existe. Em algumas
situações, nota-se que, se a dose de canabis é grande, cresce também a chance
de uma crise.
Comentários