A Verdadeira Teologia da Prosperidade Existe, Mas, Não é Esta Que Está Aí.
A teologia da prosperidade é aquele
conjunto de crenças que, adotadas pelo fiel, lhe concederá crescimento. O
resultado pretendido é, sempre, casa, carro, viagens, enfim, tudo aquilo que o
vil metal possa lhe proporcionar. A prosperidade tão propagada enfatiza não
apenas o crescimento, como, também, a idéia de que uma pessoa é identificada
como “abençoada” por Deus apenas pela quantidade de bens que possui.
“Mas, se você quer uma máquina de costura, guarde a imagem dela
com a certeza absoluta de que ela está sendo feita ou de que está a caminho.
Depois de formar o pensamento uma vez, acredite absoluta e definitivamente que a
máquina de costura está a caminho. Nunca pense ou fale nela a não ser com a
certeza de que vai chegar. Afirme que ela já é sua” (WATTLES, Wallace Delois, A
Ciência de Ficar Rico, 6ªed. Editora Best Seller. Rio de Janeiro, RJ: 2008. pp.
38,41).
A verdadeira prosperidade não se caracteriza por alguns enriquecidos em nosso meio, mas, pelo progresso do corpo como um todo (At. 2:44,45) e no atendimento das necessidades uns dos outros. Quem deseja desfrutar da verdadeira prosperidade deve andar como Cristo, olhando seus pés empoeirados, apesar dos carros com tração animal comum de sua época. Quem deseja a verdadeira prosperidade nada exige de Deus, apenas agradece, pois, muito ou pouco, “até aqui nos ajudou o Senhor” (1 Sm 7:12; Sl. 23:1). Quem deseja a verdadeira prosperidade percebe que o maior bem de Cristo foi sua própria vida e não o que Ele possuía. A verdadeira prosperidade nos remeterá para a verdadeira bênção de Deus, “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm. 14:17).
Os adeptos da teologia da prosperidade
acreditam que a verdadeira fé não espera acontecer, fez seu voto, “exige” de
Deus que faça a sua parte. Observe como muitos desses
crentes estão com os lábios cheios de clichês como “eu profetizo”, “eu
determino”, “eu reivindico”, “eu tomo posse”, “eu exijo meus direitos”, “eu
resgato” ou o absurdo “eu ordeno minha benção”. Nesta teologia, Deus não é o
Soberano, Ele é o servo, o empregado. A ordem emana do crente.
Vejam alguns exemplos
abaixo do que dizem alguns dos pregadores envolvidos com a teologia da
prosperidade que, na verdade deixaram de ser discípulos de Cristo para se tornarem
discípulos de Kenneth Hagin (O material abaixo foi retirado do site WWW.tocabatista.blogspot.com).
“Mais uma vez, como profeta de prosperidade para estes negros
dias de crise, eu afirmo: DEUS ESTÁ INTERESSADO NO BOM ANDAMENTO DE SUAS
FINANÇAS. Acredite nisso. Ele é um Pai amoroso. Pare um pouco, respire fundo e
repita em voz audível e com convicção, por três vezes: DEUS ESTÁ INTERESSADO EM
MEU SUCESSO FINANCEIRO. Agora repita em voz alta, como um brado de vitória:
DEUS VAI MUDAR MINHA VIDA FINANCEIRA PARA MELHOR (NETTO, Cristiano. O Melhor
Vencedor do Mundo, 5ª ed. Ed. e Distr. Provisão e Vida. Curitiba, PR: 2003.
p.90)”
Nota-se, portanto, que outro eixo
propulsor da teologia da prosperidade é a “confissão positiva”, ou seja, apesar
das orações dirigidas à Deus, o resultado alcançado é fruto apenas do que a
pessoa “determinou” e “acreditou” em seus “pensamentos”. É a ênfase na “fé” e não no Deus pela qual a
fé deve está amparada.
A teologia da prosperidade pratica
outra artimanha que é utilizada habilmente pelos especialistas do marketing. “Despertam
uma necessidade para vender uma facilidade”. Os pregadores, conhecedores das
dificuldades que o povo enfrenta, estimula aquele desejo que todos possuem de
se livrarem de uma vez por todas das dificuldades que, invariavelmente, têm
como pano de fundo, nossas finanças. Logo, o estímulo é direcionado para
recebimento de uma bênção tal que, como num passe de mágica, lança todas as
nossas dificuldades no mar do esquecimento. A partir daí, é só carro novo, casa
grande e nova, dinheiro para viagens e para gastar nababescamente.
Este “vento de doutrina” apenas coloca
em evidência a ignorância de nosso povo e a falta de conhecimento que, como
dito pelo profeta Oséias (4:6), é a causa de sua destruição. O estímulo que o
próprio Deus faz aos cristãos, através de Sua Palavra, é que “examinem as
Escrituras”(At. 17:11; 2 Co. 13:5; 1 Jo. 4:1), para que possam verificar se
aquilo que dizem é assim como dizem. É evidente a necessidade de conhecimento
bíblico no que diz respeito a esta teologia e a todos os outros desvirtuamentos
que assolam a igreja que abriga o Corpo de Cristo.
Os propagadores da teologia da
prosperidade estão extremamente interessados nela porque são sustentados por
ela. Bom seria que, cada palestra, pregação, encontro, ou qualquer outra
atividade realizada em que o pregador, conferencista ou palestrante recebesse
alguma “ajuda”, fosse divulgado para a igreja. Não digo divulgar num culto
público, pois, foge dos objetivos do mesmo, mas, pelo menos, num culto de
oração. A transparência é uma arma que ajuda no combate os falsos profetas e
suas falácias.
Que fique claro. O obreiro decente,
sincero e comprometido com a obra de Deus deve ser ajudado e amparado dentro
das possibilidades da igreja. Não como uma imposição, mas, como digno de ser
ajudado para que continue em seu trabalho de edificar o povo de Deus na Palavra
de Deus. Isto não significa que a igreja não possa ter conhecimento dos valores
que ele recebeu. Para o obreiro sincero, decente e comprometido com o Reino de
Deus, a igreja deve se alegrar por poder ajudá-lo (Gl. 6:6; 1 Tm. 5:18).
Mas, qual é o problema. Vou apenas
transcrever as palavras do Senhor através do profeta Jeremias: “Porque ímpios se acham entre o meu povo;
andam espiando, como quem arma laços; põem armadilhas, com que prendem os
homens. Como uma gaiola está cheia de pássaros, assim as suas casas estão
cheias de engano; por isso se engrandeceram, e enriqueceram; Engordam-se, estão
nédios, e ultrapassam até os feitos dos malignos; não julgam a causa do órfão;
todavia prosperam; nem julgam o direito dos necessitados. Porventura não
castigaria eu por causa destas coisas? diz o SENHOR; não me vingaria eu de uma
nação como esta? Coisa espantosa e horrenda se anda fazenda na terra. Os
profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o
meu povo assim o deseja; mas que fareis ao fim disto?” (5:26-31). Basta.
Em
certa ocasião, um determinado conferencista, com uma carta de apresentação
assinada pelo então Pr. Presidente, chegou a nossa congregação com a proposta
de realizar uma campanha para melhoria das contribuições financeiras em nossa
igreja. Nosso Pastor, evitando atritos com a direção central, não colocou
qualquer empecilho para sua atividade. Este conferencista, então, se pôs a
realizar o “seu trabalho”. Ele seria realizado em três dias e, nos dois
primeiros dias, não haveria coleta de ofertas.
Desconfiei. Ninguém pode alterar o que
a Bíblia estabelece como princípio a ser observado pelos cristãos. O ofertório
faz parte do rito e visa o sustento da obra de Deus. Diga-se de passagem. É
para o sustento do trabalho executado por nós, homens, aqui na terra. O
dinheiro arrecadado em ofertas e dízimos não é para uso de Deus, no entanto, o
testemunho dado no ato de ofertar e dizimar são levados para diante do seu
trono e pode ser recebido como cheiro suave ou não (Fp. 4:18; Is. 1:12,13).
No
terceiro dia, “o grande dia”, todos deveriam vir “preparados”, ou seja, com o
máximo de dinheiro disponível. O conferencista, então, fez aquela preleção, e
como estávamos com o templo em reforma, enfatizou que as contribuições
impulsionariam a sua conclusão. Tudo feito, tudo terminado. De repente, meu
pastor manda-me chamar, e ao chegar a secretaria, pediu-me que aguardasse ao
seu lado. Com o conferencista sentado a sua frente eles travam o seguinte
diálogo: “Como é que o Sr. Trabalha” – pergunta-lhe o pastor. O conferencista
sem o menor constrangimento responde: “por onde passo, recebo 50% do que é
arrecadado”. O pastor, após uma rápida olhada para mim, determina ao tesoureiro
que lhe entregue o valor.
Esta história não me foi contada. Fui
testemunha ocular dos fatos.
A teologia da prosperidade progride
por causa dos incautos, da sagacidade dos seus pregadores e por causa da
necessidade crescente por dinheiro na igreja. Templos maiores, maior quantidade
de obreiros, maior quantidade de membros que exigem maior quantidade de
departamentos, de atividades, enfim, de recursos financeiros para seu sustento
que impõe ao pastor uma cruzada diária por recursos financeiros a todo custo.
Deus, então, deixa de ser Deus para ser apenas um “menino atrás do balcão”. A
igreja em Laodicéia é um bom exemplo das conseqüências colhidas pela igreja que
adota a teologia da prosperidade de Kenneth Hagin e seus discípulos (Ap. 3:17).
Para solução do problema, basta um
retorno à boa, perfeita e agradável Palavra de Deus; basta o cuidado de
entender e aceitar, sinceramente, a nova aliança no sangue de Cristo; basta um
olhar sincero no comportamento de Jesus e a determinação de copiá-Lo,
entendendo que as regras para nossa vida cristã se encontram no Novo
Testamento, especialmente, nas palavras de Cristo.
A verdadeira prosperidade não se caracteriza por alguns enriquecidos em nosso meio, mas, pelo progresso do corpo como um todo (At. 2:44,45) e no atendimento das necessidades uns dos outros. Quem deseja desfrutar da verdadeira prosperidade deve andar como Cristo, olhando seus pés empoeirados, apesar dos carros com tração animal comum de sua época. Quem deseja a verdadeira prosperidade nada exige de Deus, apenas agradece, pois, muito ou pouco, “até aqui nos ajudou o Senhor” (1 Sm 7:12; Sl. 23:1). Quem deseja a verdadeira prosperidade percebe que o maior bem de Cristo foi sua própria vida e não o que Ele possuía. A verdadeira prosperidade nos remeterá para a verdadeira bênção de Deus, “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm. 14:17).
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