A Difícil Arte de Estar Casado (a).
A
decisão de se unir a uma pessoa para conviver durante anos até que a morte separe
é um enorme desafio. São pessoas que se diferenciam em emoções, em objetivos,
no jeito de encarar e resolver os problemas, na forma de criar filhos, enfim,
nos encantos e desencantos que, aos solavancos, nos lança em direção ao futuro.
A
base desta relação, iniciada por uma paixão, deve ser a decisão de ir até o
fim, superando os muros que teimam em se levantar entre os cônjuges. Muitos
desses obstáculos são resultados da forma como o outro encara a relação e a
vida. São os conceitos, as crenças, as palavras empregadas no trato, o carinho
(ou a ausência dele), as cobranças, a falta de cooperação, a insensibilidade e
o egoísmo, cada um defendendo o seu e esquecendo o outro. E, nesse cotidiano, viver
casado é um enorme desafio.
Nestes
tempos de casamentos rápidos e divórcios mais rápidos ainda, as chances de
desistirmos de uma relação nasce nas brechas que, voluntariamente, abrimos para o desentendimento. Seja na recusa de uma relação sexual, seja no abandono de
determinadas responsabilidades nas costas do outro, seja na negativa de
cooperação nos trabalhos domésticos, seja na falta de transparência ou
comunicação, seja lá qual for o mal da vez, são sempre situações que o maligno se
aproveita para atirar seus dardos a fim de desintegrar o casal e,
consequentemente, a família.
Os
cônjuges parecem não perceber que na ausência de simples ações, se oferece de “mão
beijada” as chances para uma traição, abandono ou atrito. O lavar pratos, uma
massagem recíproca, o zelo pelas lições dos filhos, a gentileza e a educação no
trato, são atitudes que não custam muito, e mesmo que houvesse um preço alto a pagar, seria natural que os dois resolvessem, solidariamente, assumir esse custo.
Na
verdade, muitos casais se lançam num casamento imaginando uma relação de príncipe
e princesa que vivem um eterno conto de fadas. Quando se deparam com a
realidade de um príncipe que comete erros, que se abate emocionalmente, que, de
vez em quando, perde seu brilho, a princesa resolve que está protagonizando um
conto com o príncipe errado. Da mesma forma, o príncipe.
A
decisão de unir-se a outra pessoa e aceitá-la integralmente, com seus acertos e
erros, virtudes e defeitos, é tão importante e difícil que apenas naqueles
momentos em que não percebemos esta realidade é que temos a coragem de encarar.
Talvez tenha sido esta a estratégia divina para que o casamento pudesse ser uma
instituição viável.
As
decepções vão surgindo paulatinamente ao longo da relação, e isto favorece a
resignação e adequação àquele novo ambiente conjugal. O que quero dizer é: vamos,
ao longo dos anos, nos ajustando ao outro levando em consideração aquele novo
defeito apresentado. E vamos, e vamos, e vamos... e, desta forma, passamos a vida
superando obstáculos que tentam impossibilitar a convivência. No final, descobrimos que
fomos capazes de vencer todos eles sem perder a felicidade da vida matrimonial.
É
preciso destacar, no entanto, que cabe a “ambos” os cônjuges entenderem e adotarem
a postura mais adequada e facilitadora para entrosamento, equilíbrio e amor do
casal. Sem isto, o casamento se torna um peso insuportável nas costas do outro. Ninguém consegue trilhar o caminho da fidelidade, da responsabilidade e da
dedicação familiar sem que o outro ajude (Ec. 4:9-12). Como sabemos, “um casal alimentado em casa, não procurará restaurante na rua” (Ct. 5:6; Pv. 6:24-26).
A
separação ou o divórcio abre os braços e diz: “estou aqui! Sou a solução”. Engano.
Uma mudança de cônjuge não soluciona as dificuldades apontadas como
justificativas para separação. Uma nova relação apenas atrasa a superação das
fases que consolidam um casamento saudável e
duradouro. A Bíblia relata essas fases e aponta um caminho. O livro sagrado concede
princípios para os nubentes que facilitam a superação e torna a comunhão uma
possibilidade plausível (Ef. 5:22-33; 1 Co. 7). O casal, alicerçado nesses princípios, estabelece uma relação ancorada num "amor forte como a morte" (Ct. 8:6).
Viver
casado (a) impõe dificuldades que apenas os solidários conseguem superar a contento.
Egoístas se enxergam apenas virtuosos, concedendo ao outro o encargo de ser o
causador de sua infelicidade pelos defeitos que possui. Mas os egoístas
terminam solitários, mesmo numa nova relação e cercados de parentes. Eles são
insaciáveis, pois, não percebem que a felicidade e a facilidade no casamento só
encontramos quando decidimos fazer o outro feliz.
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