Cristo Está Morto! ...de Vergonha.
As Assembleias de
Deus na Bahia foi construída sobre os ombros de homens e mulheres altruístas e
dedicados que seguiam os conselhos bíblicos com a radicalidade exigida de quem,
verdadeiramente, se converteu a Cristo. Foi desta forma que ela cresceu, se
consolidou e tornou-se referência de conduta cristã e legítima representante do
movimento pentecostal. Seu povo, ordeiro, decente e piedoso, nutria profundo
respeito da população por serem responsáveis, honestos, humildes e fiéis.
Mas o crescimento
trouxe consigo o desassossego de uma estrutura cada vez maior para suportar um
organismo em expansão. A quantidade cada vez maior de congregações exigia mais
esforços de sua liderança, pois, com uma administração centralizada, a
mobilidade e os recursos passam a ser compartilhados para sustentar a própria
estrutura administrativa. É essa estrutura administrativa que, no afã de
conceder segurança futura aos seus ministros, fundam uma associação de pastores,
conhecida como Convenção.
Órgão com
abrangência estadual e filiada a uma convenção geral (CGADB), assume para si o
controle sobre a consagração de novos ministros e, também, através desses seus
ministros, a gerência de todas as igrejas Assembleia de Deus na Bahia. Ao longo
dos anos, o poder desta convenção foi se consolidando e gerando atração que
transcendia a esfera espiritual, empurrando suas relações e disputas para o
campo meramente secular e político. Era certo que, mais cedo ou mais tarde, o
desentendimento e a insatisfação se tornariam evidentes e gerariam suas
consequências.
O único lugar
onde muito poder não gera problemas é no céu. Mesmo assim, no passado, já houve
(queda de Lúcifer).
Na convenção de
pastores, alguns ministros se desentenderam na disputa pelo seu comando. Como
resultado do litígio, arrastaram as Assembleias de Deus em Salvador para o meio
da contenda. A assembleia de Deus em Salvador (ADESAL) rompe com a convenção
baiana (CEADEB) e funda sua própria convenção (CONFRAMADEB). Nesta briga
farisaica, os dois lados usaram todas as armas que podiam, inclusive judiciais.
Armas carnais, especificamente, pois as espirituais só apareciam nos discursos de
púlpitos e nos vídeos na Internet.
Nem mesmo um Magistrado
secular conseguiu convencê-los do erro que cometiam: “Como é que vocês não resolvem
problemas deste tipo e trazem para o Juízo resolver? Vocês que pregam amor,
vocês que pregam unidade, vocês que pregam amizade, vocês trazem isso para
aqui?” Ainda, na preliminar das audiências judiciais, o Magistrado pergunta:
“Há
proposta de acordo entre as partes?” Pergunta protocolar que, para
pastores cristãos em conflito, é um verdadeiro esbofetear a face. Mas eles, os
pastores, seguem destemidos: “Não! Sem acordo”.
Paralelo ao
enfrentamento jurídico, a Convenção de pastores inicia seu plano de tomada de
templos e transformação de congregações em campos para estarem sob sua
jurisdição. A revoada e tumulto foram generalizados. Agressões entre membros,
portas arrombadas sob gritos pela madrugada, força policial sendo acionada para
arrefecer ânimos e restabelecer a ordem pública, separação de famílias,
cristãos desistindo da fé, neófitos enfraquecidos ainda mais e partidarização
do ambiente assembleano em Salvador.
Os líderes
envolvidos não se importavam com o escândalo, não se importavam com as
agressões mútuas e os danos causados aos seus membros, congregados e a comunidade
baiana a ser alcançada pelo evangelho. O desejo de poder e as estratégias para mantê-lo
ou alcançá-lo prevaleciam. Em defesa de seus interesses pessoais, discursaram: “a Igreja é de Cristo!” Que Cristo? O da
Bíblia? Aquele Senhor da Bíblia “morre” de vergonha de vocês. Leiam
novamente a primeira carta de Paulo aos Coríntios, a carta de Tiago, e tragam
outra vez à vossa memória o que disse o Mestre Jesus sobre “casa dividida”.
Dói na alma
perceber que chegamos a este ponto.
Fui separado para
o Presbitério no ano de 2003, e no desenrolar da contenda, por várias vezes, tentaram
incluir meu nome para o pastorado. Tenho consciência da minha missão, mas,
também tenho consciência dos motivos genuínos pelos quais uma pessoa deve ter o
reconhecimento de seu pastorado. Fazer número para convenção de pastores não
está entre esses motivos biblicamente genuínos.
Mas, enfim, eis
que nestes dias, surge um novo remexer no vespeiro. Um provável acordo entre a
CEADEB e a diretoria da ADESAL que, espera-se, colocará fim ao litígio. Sem
maiores detalhes, pelo acordo vislumbrado, o comando da Assembleia em Salvador
será finalmente da CEADEB. O seu atual pastor será transferido para outro campo
e um novo pastor, indicado pela CEADEB, se estabelecerá na capital baiana. Tudo
isto a ser sancionado pelo Corpo Ministerial da ADESAL e pela Assembleia Geral
de seus membros.
O Pastor Israel
Alves Ferreira, em vídeo, expõe seu cansaço com a batalha judicial travada
nestes últimos oito (8) anos e informa sua disposição em aceitar o acordo
proposto pelo presidente da Convenção de pastores, Pastor Valdomiro Pereira. O
sinal de alerta vem da área jurídica da ADESAL, informando um quadro não tão
claro como se fazia crer. É esperar pra ver. “Ainda muita água vai rolar por
baixo dessa ponte.”
No entanto,
apesar de toda incerteza, de toda nuvem cinza que paira sobre a Assembleia em Salvador,
de todo tumulto e constrangimento causados aos fiéis, ainda “prefiro uma falsa paz, do que uma guerra
verdadeira. Pelo menos, preservam-se os inocentes”.
Eis que ouve-se
júbilo de alguns incautos Ceadebianos exultantes com a renúncia do Pr. Israel
Ferreira e a ascensão do Pr. Valdomiro Pereira sobre a Assembleia em Salvador. Saibam que nesta guerra o que não se tem é
vencedores. Todos perderam! Todos foram vencidos pelos ardis de Satanás. O
nosso inimigo enganou vocês e suas organizações humanas. Esta é apenas “uma vitória aparente numa guerra onde cada
um, de todos, morreu um pouco... e alguns morreram totalmente”.
Casa dividida! Casa
dividida! Casa dividida! Não subsiste! Não subsiste! Não subsiste!
Pr. Israel Ferreira
sai machucado e humilhado; o Pr. Valdomiro Pereira entra manchado e enfraquecido,
assumindo a Assembleia em Salvador com a “espada de Dâmocles” sobre sua cabeça.
Um adendo: Como disse Cristo: “quem com espada fere, com espada será
ferido”.
Agora, alegando
um espírito conciliatório, misericordioso e perdoador, todos os líderes e seus
combatentes farão pose de inocentes, vítimas e vencedores. Parecem crer que,
neste período de pós-modernidade cristã, não importam os fatos, mas, sim a
narrativa. Enganoso coração! Não existe falsa verdade, nem fatos falsos. Fatos
são fatos, evidência da verdade registrada na história passada e presentes em
nossa memória que gritam insistentemente: “eu sei o que vocês fizeram na primavera
passada”. Se não houver sincero reconhecimento dos erros praticados e
humildade para reconhecer a necessidade de mudança na condução das instituições
que representam, o passado e nossa consciência continuarão gritando: “EU
SEI O QUE VOCÊS FIZERAM NA PRIMAVERA PASSADA”.
Não somos juízes
de nossos irmãos, mas, foi o próprio Deus, em Cristo, que diz serem suas obras
(frutos) o testemunho de sua cegueira espiritual. É a Palavra de Deus que os
julga. Quando dizem estarem defendendo o “Reino dos Céus”, ou a “Igreja do
Cordeiro”, mentem. Como enxergar defesa do Reino dos Céus quando brigam pelo
comando de uma Convenção de pastores? Como enxergar defesa da Igreja usando
partes desta mesma igreja para enfraquecerem e tornar inviável a própria igreja?
Como enxergar compaixão pelo povo da Igreja quando, insensivelmente, promoveram
dissensão, perturbação e litígio entre irmãos, inclusive em tribunais
seculares?
Vou repetir o que
acredito deveria ter sido feito se, minimamente, estivessem interessados em
preservar a Igreja do Senhor Jesus abrigada nas Assembleia de Deus em Salvador
e na Bahia: “A renúncia de toda
diretoria da ADESAL e da CEADEB, trocando-os por outros honrados pastores, que
teriam a dificílima missão de recuperação espiritual e moral desta denominação
baiana”. Por que não? As razões da negativa a esta ideia passa pelos
interesses e egos pessoais.
Oremos!
Mas, orar só não basta. É preciso atitude, posicionamento daqueles que,
desde cedo, identificaram a essência desta briga e perceberam que ela nunca foi
em defesa do evangelho e, sim, por “templos e poder”. Infelizmente, muitos
desses cederam ao medo das perdas e a possibilidade de maiores graduações
eclesiásticas como moeda de troca pelo silêncio de suas consciências.
Mas, e agora? Quem vai pagar esta conta?
Como bem disse o pastor norte-americano, Martin Luther King: “O que me
preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”. E em outra frase atribuída ao mesmo pastor, encontro
minhas conclusões: “A verdadeira medida de um homem não
se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em
como se mantém em tempos de controvérsia e desafio”.
Choremos todos.
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