Diferentes São os Normais
Tempos estranhos, estes que vivemos...
Se você é um ser humano e teu instinto sexual se inclina
para uma pessoa do sexo oposto, você é taxado como parte de um grupo que se impôs como normal
pelos braços da tradição cultural e da força;
Você é anormal porque é normal, entende?
Se você é homem, casado com uma mulher, e não a
agride nem com palavras nem com socos e pontapés, você é de outro país ou de
outra região do mundo;
Você está querendo enganar quem?
Se você é um ser humano de pele clara, você é, no
fundo, no fundo, racista;
Se tem a pele negra, não é racista, independente do que pense ou diga sobre uma pessoa de pele clara ou... negra.
Se você é mulher, dona de casa e mãe de família, e
não se constrange nem se insurge contra isso, ou você está doente ou teu marido
bate em você e lhe obriga a submissão;
É a Bíblia machista que a obriga.
Se você é brasileiro, não fura fila, não estaciona
seu carro em vaga de idoso e deficiente, não paga ou recebe propina e cumpre
com suas obrigações civis, você não existe;
Ah, se investigar vai descobrir alguma coisa.
Se você é cristão e não quer impor sua religião a
ninguém, apenas fala com sinceridade daquilo que crê, você é falso (de ambos os
lados);
É um imbecil que sofreu lavagem cerebral.
Se você é pastor e quer apenas ajudar as pessoas a
encontrar a paz e a alegria do existir, você é apenas um lobo mercenário disfarçado
de bom samaritano.
Pastor é um vagabundo que engana as pessoas para
lhe retirar dinheiro. Todos são assim.
Estas afirmações nascem no consciente das pessoas
porque, entrevistando figuras expoentes de nossa sociedade,
ouvimos um homem que bateu em sua mulher dizer: “Quem nunca se desentendeu em
casa e perdeu o controle?” Outro político falando sobre aborto disse: “Quem
nunca teve uma namoradinha que “precisou” abortar?” Ainda um goleiro
de futebol, preso por ter participado do assassinato da namorada, disse: “Quem,
numa briga de casal, nunca trocou uns tapas?” Líderes religiosos
ostentando injustificados bens, repetem: “É Deus abençoando seu povo!”
Valei-me meu Deus!!!
Esses mantras vão se repetindo e encontrando
guarida nas pessoas que, por sua vez, passam a repeti-las, e logo, todos passam
a fazer parte de um pacote vil composto por bárbaros. Todo mundo é corrupto!
Todo mundo fuma droga! Todo mundo mente! Todo mundo “cola” nas avaliações da
escola, da faculdade! Todo marido trai sua esposa! Todo jovem solteiro transa!
Todo cristão é otário!
E assim, com essa pregação do “todo mundo”, corrompemos
as novas gerações. Os novos brasileiros vão se inserindo nesse mundo “normal”
e, assim, passam a agir conforme. O que temos? Um "anormal mundo normal” que se
impõe sobre o mundo civilizado, aquele composto por gente decente.
Tempos estranhos, estes que vivemos...
Ninguém pode ser um ser humano normal, decente, pois,
o anormal, indecente, se tornou regra pela repetição e glamourização da mentira
e da selvageria. Da exceção.
Salvem-se quem puder!
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